Por iniciativa do PCP e do GUE/NGL

70 anos da Vitória assinalados<br>no PE

Por iniciativa dos deputados do PCP ao Parlamento Europeu, o GUE/NGL assinalou a 13 de Maio, em Bruxelas, os 70 anos da vitória sobre o nazi-fascismo com a realização de um seminário.

Comemorar a Vitória é recordar o papel do Exército Vermelho e da URSS

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O evento, que teve por tema: «Comemorando os 70 anos da Vitória sobre o Nazi-fascismo – Unidade na luta pela paz e contra o fascismo e a guerra». contou a participação e intervenção de vários convidados de partidos comunistas, de esquerda e progressistas da Europa, entre os quais o PCP, e de organizações como o Conselho Mundial da Paz, a Federação Internacional de Resistentes (FIR), a União dos Resistentes e Antifascistas Portugueses (URAP) e o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC).

Entre os intervenientes foi unânime a ideia de que comemorar os 70 anos da Vitória é recordar o papel desempenhado pelo Exército Vermelho e pela União Soviética, pelos comunistas e por outros democratas e resistentes, milhões de homens e mulheres que de forma abnegada e não regateando esforços e sacrifícios, incluindo da própria vida, enfrentaram a besta nazi. Lembraram o que foi a barbárie nazi-fascista, a guerra, a exploração do trabalho, os campos de concentração e as experiências médicas desumanas, actos que conduziram à morte mais de 50 milhões de pessoas. Sublinhando a importância e a actualidade da luta contra o fascismo, os participantes repetiram em uníssono: para que nunca mais se repita!

Combater o branqueamento

A inaceitável equiparação do comunismo com o nazi-fascismo procura escamotear o seu papel, deturpar o papel dos comunistas e branquear o carácter de classe do nazi-fascismo, afirmou Pedro Guerreiro, Membro do Secretariado do CC do PCP. E acrescentou, o nazismo foi a forma de organização do Estado a que o capitalismo recorreu para assegurar a exploração dos trabalhadores e garantir a dominação dos povos, uma solução para salvar grande capital alemão e para destruir pela força a primeira experiência de construção do socialismo.

A ascensão do nazi-fascismo teve o apoio e a cumplicidade, das classes dominantes e dos círculos dirigentes ocidentais face ao nazismo. Foi a intransigente oposição e acção dos comunistas e de outros democratas antifascistas que permitiu a sua derrota final. Uma tarefa hercúlea levada cabo por homens e mulheres de profundas convicções democráticas, lutadores pela liberdade, amantes da paz e do progresso que, derrotando o nazi-fascismo, abriram simultaneamente caminho para o período de maiores avanços e conquistas civilizacionais dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo, impulsionados pelo alargamento do campo socialista na Europa.

Os participantes no seminário foram peremptórios na denúncia do branqueamento do nazi-fascismo e da imposição do esquecimento ou adulteração do seu carácter, bem como do heroísmo da resistência que lhe fez frente, negando às jovens gerações o direito à memória.

Zdenek Ondracek, deputado nacional do Partido Comunista da Boémia e Morávia (República Checa) denunciou o revisionismo histórico que depois de 1989 enquadra as celebrações da libertação no seu país, nas quais o papel central é atribuído aos EUA, enquanto o Exército Vermelho é secundarizado, sendo mesmo afirmado que os soviéticos não libertaram a República Checa da ocupação nazi mas que, pelo contrário, foram eles os ocupantes.

Sublinhando o papel desempenhado pelo Exército Vermelho e a União Soviética, o representante do Partido A Esquerda da Alemanha questionou: sem os Esforços do Exército Vermelho o campo de concentração de Auschwitz teria sido libertado? Quem permitiu a mobilização dos partisans através da Europa? E quem ergueu a bandeira vermelha sobre o Reichstag?

Marília Villaverde Cabral da URAP lembrou que em Portugal os programas escolares não falam das prisões do campo de concentração do Tarrafal, nem das torturas, salientando o facto de os jovens não terem conhecimento do que se passou. A presidente da URAP relevou a importância da luta contra o esquecimento e o branqueamento do fascismo, ideia em que foi secundada pelo representante da FIR.

Uma guerra de classes

A II Guerra Mundial não foi uma guerra apenas horizontal, entre países, mas foi também vertical, entre classes, disse Mario Franssen do Conselho Mundial da Paz, recordando que foi também uma crise económica que esteve na origem das duas guerras mundiais. E lembrou que a nossa época é novamente de profunda crise do capitalismo, o que cria uma cada vez maior contradição entre as classes. Para contrariar o fortalecimento das forças progressistas, a classe governante (com a cumplicidade e promoção da União Europeia) tem recorrido a meios fascistas para travar a luta e a organização dos trabalhadores. A banalização do fascismo e a assimilação entre fascismo e comunismo têm lugar em toda a Europa.

A luta contra o fascismo não é apenas uma luta pela memória mas um combate contra o crescimento e influência das suas organizações que muitos comunistas e outros democratas travam em vários países da Europa. Petro Symonenko, primeiro secretário do Partido Comunista da Ucrânia, trouxe ao seminário a situação na Ucrânia, onde, hoje como no passado, são os comunistas que estão na linha da frente contra o fascismo, apesar da perseguição e da repressão movida pela oligarquia fascista no poder e pelas forças neonazis e neofascistas que o sustentam, com o apoio dos EUA, da NATO e da União Europeia.

Symonenko afirmou que a Ucrânia está a caminho do estabelecimento de uma ditadura fascista, existindo o perigo de que o conflito vivido no seu país possa alastrar a outras geografias. E alertou para os perigos para a Ucrânia e para toda a Europa do facto de a Ucrânia ser hoje um país inundado de armas, com os oligarcas a formar os seus próprios exércitos privados, ao mesmo tempo que os meios de comunicação veiculam uma propaganda assente em símbolos de ódio e violência. O primeiro secretário do Partido Comunista da Ucrânia, agradeceu toda a solidariedade que os comunistas e outros democratas têm vindo a expressar em relação aos comunistas e ao povo ucraniano, sublinhando que a ascensão do fascismo na Ucrânia constitui uma séria ameaça para toda a Europa. Petro Symonenko terminou apelando à união e coesão das forças antifascistas para lutar contra a ascensão do fascismo e do anticomunismo.

 

Unidade na luta pela paz
contra o fascismo e a guerra

Apontando caminhos para o futuro, Pedro Guerreiro apelou à necessária intervenção no debate ideológico em torno da verdade histórica, a qual é parte integrante da luta que hoje travamos. Luta que perante o perigo do fascismo e de uma nova guerra mundial exige a unidade na acção de todos os democratas e progressistas para fazer recuar os círculos mais reaccionários do imperialismo e abrir caminho a uma nova era da paz e de progresso social, concluiu.

Quando se assinala o 70.º aniversário do fim da II Guerra Mundial, é preciso prosseguir com determinação a mobilização da opinião pública para a defesa da paz e da amizade entre os povos.

Alertando para os perigos da situação internacional, Ilda Figueiredo do CPPC apelou à intensificação das acções de esclarecimento para desmascarar os interesses por trás das guerras e continuar a alargar o campo dos defensores activos da paz.

Ao encerrar o seminário, João Ferreira, deputado do PCP no Parlamento Europeu, reforçou a necessidade de se construir a unidade na luta pela paz e contra o fascismo e a guerra. As forças democráticas devem unir-se contra a NATO, contra a militarização da UE, na defesa do respeito pela Carta da ONU e pela solidariedade entre os povos, declarou. Milhões de comunistas e outros antifascistas pagaram com a própria vida o seu compromisso com a liberdade; 70 anos volvidos depois da Vitória, a luta contra o fascismo permanece actual.

 



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